Projeto apoiado pelo SAE ganha prêmio Diversidade USP
O Projeto “Desenvolvimento e Manutenção MORPG para Deficientes Visuais” do Bolsa Auxílio-Social (BAS) conquistou o 2º lugar no Prêmio Diversidade USP, entre 25 concorrentes, em dezembro passado. Realizado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, a premiação anual tem o objetivo de prestigiar ações inclusivas da sociedade. O Projeto MORPG, apoiado pela BAS tem como objetivo central manter um jogo virtual, denominado DeBoMUD, com qualidade e acessível a portadores de algum grau de deficiência visual, ou baixa visão, de forma interativa e gratuita. O jogo sem fins lucrativos foi criado por voluntários em 2005, para suprir a falta de games para o público com deficiência visual. Em 2014, o Projeto foi cadastrado e aprovado junto ao Programa de Bolsas-Auxílio SAE e todos os anos é renovado o apoio.
Feito isso, já são quatro anos de contribuição dos bolsistas SAE nessa iniciativa de inclusão. Os bolsistas BAS são em sua maioria dos Cursos de Engenharias. E os ex-bolsistas acabam se tornando voluntários - por amor e afinidade ao desenvolvimento do game. Eles atuam na programação e administração do jogo, assim como na correção e monitoramento de eventuais problemas que possam aparecer durante a atividade dos jogadores. Em 2019, o foco da equipe será melhorar ainda mais a qualidade de acessibilidade do jogo, removendo caracteres e símbolos especiais que possam dificultar o uso de um leitor de tela.
Imaginação solta no mundo virtual
Imagine um jogo interativo que pode ser acessado em tempo real, ao redor de uma temática de fantasia medieval, famosa em jogos de RPG (Dungeons & Dragons) e em obras como “Senhor dos Anéis”, em que o leitor pode criar um personagem, numa região virtual composta por cidades, castelos, masmorras, florestas, mares, desertos e outros cenários, como um parque de diversão. O jogador pode explorar lugares misteriosos, batalhar contra criaturas desafiadoras, encontrar tesouros e até se casar. As possibilidades são muitas. Enfim, o jogo é um mundo de aventuras e imaginação, totalmente textual e acessível a deficientes visuais através de softwares leitores de tela. Embora direcionado ao público com deficiência visual, pode ser acessado por pessoas com visão normal. A plataforma pode ser acessada de qualquer computador, celular ou tablet, conectados à internet. Confira o endereço: http://www.debomud.org
Sobre a equipe que desenvolve o game
Um projeto complexo como um game interativo para pessoas com deficiência visual exige uma equipe robusta e apaixonada pelo desenvolvimento do jogo: um coordenador de projeto, um docente que assina como orientador junto ao SAE, quatro alunos bolsistas BAS e muitos voluntários. A equipe atual conta com a colaboração ativa de sete pessoas, o que inclui programadores bolsistas e ex-bolsistas do projeto, além de produtores de conteúdo, que são narrativas textuais para o jogo. No caso deste game, os bolsistas atuam na manutenção e aprimoramento da plataforma. Segundo Eugênio Mattioli Gonçalves, coordenador do projeto, formado em Filosofia pela Unicamp e doutorando em Filosofia pela USP, os frutos dessa experiência são profícuos. “Em diálogo com o professor Martini, me dei conta dos frutos dessa colaboração do SAE, para os graduandos e para o projeto. Não conheço iniciativas semelhantes à BAS, que atrela a permanência estudantil com o aprendizado em projetos de universidade”, analisa. “Talvez seja difícil para vocês, gestores do SAE, mensurar o impacto social e acadêmico do Programa de Bolsas-Auxílio, mas acho que vale a pena compartilhar o circulo virtuoso que ele alimenta em nosso projeto, beneficiando diretamente não apenas os bolsistas da Unicamp como também os inúmeros jovens cegos que usufruem da plataforma, no Brasil e em Portugal”, conclui.
Docente da FEEC é orientador do Projeto
O docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) Luiz Cesar Martini é o orientador do Projeto. O professor Martini trabalha na Área de Comunicação da FEEC e ele próprio perdeu a visão total anos atrás, num acidente no exterior. Foi por iniciativa de Eugênio que ele conheceu o jogo e assinou o Projeto como Orientador junto ao SAE. Ele deu seu depoimento: “Agora sei e sinto na pele a limitação imposta pela perda da visão. Este game é uma das poucas opções de diversão para os cegos. Então, fico feliz em contribuir como orientador, confio plenamente na equipe coordenada pelo Eugênio. E quando a Suellen disse que vai continuar como voluntária, foi uma alegria”, disse. Suellen Ribeiro, formanda do Curso de Engenharia de Controle e Automação da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) é uma ex-bolsista BAS. Atualmente Suelle é pesquisadora científica.
Depoimento de bolsistas BAS sobre o DeBoMUD
O bolsista atual pela BAS no Projeto é Teodoro Bertolozzi Mendes, aluno da Engenharia de Computação da Unicamp. O depoimento dele mostra o grau de envolvimento dos bolsistas: “Estou no projeto do DeBoMUD como bolsista BAS desde outubro de 2018. O projeto traz à tona uma questão de acessibilidade muito importante no que diz respeito à socialização e diversão de pessoas com deficiências visuais que necessitam do uso de um leitor de telas no computador. Com o crescente e exclusivo mercado de jogos voltados apenas às pessoas videntes, as opções acessíveis para os cegos se divertirem e interagirem com jogadores online se tornam escassas. O DeBoMUD vem como um dos preenchimentos dessa lacuna, acumulando esforços de pessoas voluntárias ou com vínculo de bolsistas para tornar o jogo cada vez mais completo, divertido e acessível”, afirma. Teodoro também manifestou a intenção de se manter como voluntário, mesmo depois do término da bolsa BAS.
Contato com o coordenador do Projeto: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Acesse também:
Laboratório de Acessibilidade da BCCL/Unicamp: http://lab.bc.unicamp.br:8080/lab
Instituto Campineiro dos Cegos Trabalhadores: www.icct.org.br