SAE Ação Cultural apoia palestra do escultor José Resende, no IA

O Instituto de Artes da Unicamp (IA) abriu as portas, no primeiro dia de setembro, para o renomado escultor José Resende ministrar a palestra “Canteiro de Operações: Intervenção Urbana na Mooca-SP” para um público aberto, na maioria composto por alunos do Curso de Arquitetura e Urbanismo e do próprio Instituto de Artes. A palestra integra o programa multidisciplinar do Curso AP036 e lotou o auditório, às duas da tarde. O Ação Cultural, um dos programas do SAE, apoiou o evento que foi organizado pelo Instituto de Artes da Unicamp IA e pela Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (FEC). A palestra foi aberta pelo coordenador do SAE, professor Leandro Medrano e pela assessora cultural do SAE e docente do IA, Sylvia Furegatti. A apresentação do evento ficou por conta do professor Marcos Valle, do IA.

“Canteiro de Operações” será em antiga estação de trem

A proposta da obra é o tema abordado por Resende, que tem a curadoria do filósofo Nelson Brissac Peixoto. A intervenção será realizada na antiga Estação Férrea do bairro da Mooca, em São Paulo, a partir de outubro próximo. O local escolhido encontra-se em estado de abandono, apesar de ser tombado como patrimônio histórico por órgão municipal. Galpões imensos, linhas férreas e 30 vagões são os materiais do espaço em que o artista vai fazer a intervenção artística urbana. Alunos da Unicamp, USP e PUC do Rio de Janeiro foram convidados a participar do processo criativo.

Da Unicamp, devem participar 30 alunos, sendo 15 do Curso de Arquitetura e Urbanismo e 15 do Departamento de Artes Plásticas.

Projeto Arte Cidade, do artista, é referência nas décadas de 70 e 80

Durante a palestra, José Resende contou suas experiências acontecidas há cerca de três décadas, nas cidades o Rio de Janeiro e São Paulo, com o projeto “Arte Cidade”. Os ciclos do projeto são referência nos estudos de intervenção urbana, por suas esculturas criativas em espaços subutilizados e por usar guindastes para o transporte de blocos de granito, num constante “construir e desconstruir” de paredes, provocando a sensibilização do público e um novo olhar para o espaço. Nelson Brissac Peixoto, também foi o curador e idealizador do famoso projeto.

Resende disse que ao aceitar o desafio do projeto atual, “Canteiro de Obras”, enfatizou a “negação” do trabalho como autoria. “O trabalho que fiz foi negar-me a fazer o trabalho”. A expectativa é um contraponto, visto que não há um esboço sequer. “Que tenhamos ali um local de experimentação, um grande laboratório, em que várias modalidades do saber se encontrem - estudantes, arquitetos, artistas plásticos - a fim de visualizar as transformações possíveis e até deslocamentos dos objetos”, explica.

Todo o processo será documentado com textos, vídeos, desenhos e obras gráficas.

A viabilidade do projeto foi possível devido às parcerias com empresas envolvidas no controle da área escolhida e o recebimento de uma verba de R$ 200 mil, pois é um projeto selecionado pela Prefeitura de São Paulo para realizar a intervenção urbana.

“O que estamos tentando (referindo-se também a Nelson Brissac Peixoto e à convidada Heloisa Maringoni, engenheira) é uma forma de eco, acrescentando outros repertórios, outras ações, projetos e ideias, num processo em que o observador deixa de observar e passa a agir como interventor da visão urbana da cidade, de forma instigante e provocativa”, relatou em uma de suas respostas aos alunos, já na segunda parte da palestra. Atualmente, José Resende apresenta trabalhos de escultura no Museu de Arte Moderna do Rio e na Galeria Raquel Arnaud (Rua Fidalga, 125), simultaneamente.

Perfil do palestrante: José Resende é formado em arquitetura, mas optou pelas artes plásticas, especializando-se em esculturas. Foi professor em diversas instituições, fundador do Centro de Experimentação Artística Escola Brasil. Foi coeditor da Revista “Malasarte”, participou de bienais em São Paulo e Veneza.

Fontes: palestrante, assessoria de imprensa do artista, O Estado de SP.