Alunos-artistas vão a Cannes com curta metragem "À Meia Vista"
O curta metragem “À Meia Vista”, um dos 15 projetos que integraram a 4ª Edição e a Edição Especial do Programa Aluno-Artista, com atuação entre 2013 e 2014, foi selecionado para a mostra do Short Film Corner, que acontece de 13 a 24 de maio, em Cannes, França. A aluna-artista Priscila Souza de Oliveira, proponente do projeto e diretora do curta e o produtor Pedro de Araújo Nogueira Tinen, vão representar a equipe no Festival. Ela, mestranda do Arte em Cena, formada pelo Curso de Midialogia e ele, aluno do 5º ano do Curso de Midialogia do Instituto de Artes da Unicamp.
Participar do Festival de Cannes é um sonho para muitos alunos da Midialogia. “O Festival tem reconhecimento internacional e abre as possibilidades de interação com grandes profissionais, instituições e representantes internacionais do meio cinematográfico”, diz o produtor Pedro de Araújo. “Foi o primeiro festival que inscrevemos o filme e foi uma grata surpresa”, completa.
O filme, de 23 minutos, foi rodado em Águas da Prata, cidade do Circuito das Águas paulista, na casa do avô de um dos integrantes, o Franco, assistente de fotografia. Priscila explica que o apoio da casa de amigos para a gravação ajudou a diminuir os gastos com alocação. “Durante quatro dias ficamos instalados nas casas da Dona Ana Prezia e do pai dela, que é avô do Franco, em Águas da Prata. Ela nos mostrou a cidade, o comércio, as praças, as cachoeiras. É uma cidade muito bonita”, explica, agradecida ao colega Franco e seus parentes. No total, cerca de 27 pessoas foram acomodadas nas duas casas. A equipe técnica tem 23 integrantes e o elenco tem quatro pessoas. Ao final, o curta ficou pronto em oito meses.
Para a sua execução, contou com a colaboração de várias parcerias: o SAE subsidiou o projeto com a infraestrutura de R$ 3.000,00 e das bolsas aluno-artista, durante oito meses, para os dois proponentes, que além de Priscila Souza ainda teve Bianca Moretto Ribeiro, na 4ª Edição. E na Edição especial, os proponentes foram Ricardo Morishige Yokoya e Danielle Galletta, que atuaram como assistentes de produção. O Estúdio Quanta, de SP, cujos equipamentos foram alocados - os alunos fazem questão de ressaltar - deram um desconto incrível que possibilitou deslocar os equipamentos adequados para a gravação. A RTV contribuiu com empréstimo de um estabilizador de câmera e o Instituto de Artes apoiou com equipamento de fotografia, do Curso de Midialogia.
A Assessora Cultural, Dra. Vivian Nogueira, recebeu os alunos no SAE e os parabenizou pelo feito. "Este é o primeiro projeto do Programa Aluno-Artista a nos representar num Festival Internacional tão importante, como o de Cannes. Com certeza, este é o primeiro de muitos que virão, pois estamos trabalhando com toda a dedicação no sentido de apoiar bons projetos nos nossos programas culturais, tanto o Aluno-Artista como o SAE Ação Cultural", afirma. O curta "À Meia Vista" participou de algumas apresentações, pela agenda do Programa Aluno-Artista, em espaços culturais do campus, como DGA, DEDIC, CB e no IA; Casa do Lago, FCA, CIS Guanabara, PB e CDC. Conheça o projeto do Aluno-Artista À Meia Vista
Aplicação dos conhecimentos em disciplinas e orientação de docentes do IA
Segundo os dois jovens artistas, eles aplicaram os conhecimentos de disciplinas do Curso de Midialogia e a orientação de professores. Citam algumas como: Disciplina de Roteiro II, com o Prof. Bruno Fantini. Na Iniciação Científica , Priscila fez uma pesquisa sobre Fotografia, com a orientação do docente Fernando de Tacca e Pedro fez pesquisa sobre cinema, sob orientação da docente Karla Bessa. Para realizar a pré-produção do curta, aplicaram conhecimentos da disciplina de “Projeto de Cinema I” e para a produção e realização, aplicaram a disciplina “Cinema II”.
“A Meia Vista” aborda a história de uma costureira que mantém sozinha dois filhos e uma neta. As relações familiares em atrito trazem um espaço de convivência no qual não há um conflito evidente, mas acontece o afastamento dos relacionamentos pessoais. A rotina maçante da costureira, representada pela atriz Estella Vilela, a faz uma pessoa solitária e confusa, mas a perda da visão a faz entrar em mundo subjetivo e até então esquecido”.
ComunicaSAE entrevista alunos-artistas selecionados para Cannes
Priscila Souza de Oliveira, 27 anos, aluna do 1º ano do mestrado em Artes da Cena, sob a orientação da docente Ariane Porto, é de Juiz de Fora, Minas Gerais e Pedro de Araújo Nogueira Tinen, 23 anos é aluno do 5º ano de Midialogia, é de Curitiba, Paraná. Eles são os alunos-artistas do projeto “À Meia Vista” , selecionado para apresentação a Mostra Short Film Corner, em Cannes, França, no período de 13 a 24 de maio de 2015. Em visita ao SAE, os alunos falaram sobre a importância de participarem do Festival. O curta metragem “À Meia Vista”, é um projeto do Programa Aluno-Artista, promovido pelo SAE, que participou da 4ª Edição, vigência de setembro de 2013 a abril de 2014 e, também da Edição Especial, com a vigência de setembro a novembro de 2014.
1.ComunicaSAE: Quantas pessoas participaram do Projeto "À Meia Vista" e da gravação?
Priscila Souza de Oliveira: Eu e Bianca Moretto Ribeiro fomos as proponentes do Projeto selecionado pelo Programa Aluno-Artista, na 4ª Edição. E na Edição especial, os proponentes foram Ricardo Morishige Yokoya e Danielle Galletta, que atuaram como assistentes de produção.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Além da Priscila e da Bianca, a equipe técnica tem mais 21 pessoas. No elenco, são apenas quatro.
2.ComunicaSAE: Qual o local de gravação do curta?
Priscila Souza de Oliveira: Gravamos na cidade de Águas da Prata, São Paulo, próximo à Poços de Caldas, nas casas da mãe e do avô do Franco (assistente de fotografia).
3. ComunicaSAE: Como foi a acomodação de tanta gente em duas casas? A gravação durou quantos dias?
Priscila Souza de Oliveira: Dormimos em beliches, camas, sofás, por quatro dias. Dona Ana Prezia, mãe do Franco ajudou na logística, mostrou a cidade, liberou a casa dela e do pai. A Casa tinha muitos móveis. Mas a máquina de costura, uma peça chave no filme, foi emprestada de uma amiga da atriz Estella. Legal que trabalhamos com figurinos feitos por costureiras e não com peças comercializadas.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Conhecemos a cidade, almoçamos num restaurante que fez um bom desconto nas refeições. Isso ajudou muito. Águas da Prata é uma cidade pequena, pitoresca, tem cachoeiras, comércio.
4.ComunicaSAE: Como que a equipe fez com a logística de equipamentos? Teve o apoio de alguém?
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: O aluguel dos equipamentos foi na “Estúdios Quanta”, de SP. Deram descontos significativos, porque eles têm projetos de apoio aos trabalhos independentes e universitários. Outros grupos do IA já havia nos indicado. A RTV da Unicamp ajudou com o empréstimo de equipamentos de um estabilizador de câmera. O Instituto de Artes apoiou com equipamento de fotografia, do Curso de Midialogia. A orientação dos professores do IA também foi importante.
Priscila Souza de Oliveira: A equipe do SAE sempre nos apoiou. Sem o apoio do Programa Aluno-Artista não teríamos como realizar o filme. Usamos os R$ 3.000,00 que recebemos do Programa e usamos ainda todas as bolsas aluno-artista de nós duas, a minha e a da Bianca. Isso foi fundamental.
5.ComunicaSAE: No início do projeto, o que vocês apresentaram na agenda do Aluno-Artista?
Priscila Souza de Oliveira: Nós fizemos um workshop com as crianças do Prodecad/Unicamp e uma oficina de sensibilidade fotográfica. Foi muito gratificante trabalhar com as crianças.
6.ComunicaSAE: Como nasceu a ideia do curta “À Meia Vista” ?
Priscila Souza de Oliveira: Começou com um roteiro que eu escrevi para a Disciplina de Roteiro II, sob a orientação do Prof. Bruno Fantini, da Midialogia
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Desenvolvido o roteiro, sentamos e vimos como transformar o roteiro em filme. Qual o tipo de locação, equipamento ideal, cores, figurino, cenário, pensamos no planejamento para saber quantos dias seria necessário, quais atores que devíamos buscar, quantas cenas por dia, se devíamos gravar 10 ou 12 horas por dia. A gravação teve uma organização e concentração, envolvimento da equipe no planejamento.
7.ComunicaSAE: Em quanto tempo o filme foi finalizado e hoje, em que formato está gravado, e quantos minutos de duração?
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Ele ficou pronto em oito meses, é um filme digital, e será lançado em DVD.
8.ComunicaSAE: Neste trabalho, vocês querem destacar alguns papéis de relevância?
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: O Gian Berselli, um ex-aluno de Midialogia da Unicamp fez com a trilha sonora. Ele mora na Califórnia, EUA. Isso mostra a importância de interação entre os alunos atuais e os ex-alunos, um ajuda o outro. Isso é muito positivo.
Priscila Souza de Oliveira: Quero destacar o papel do Jean, diretor de fotografia, com importância para o tratamento de imagens, iluminação e, na pós-produção, fez a correção de cores. Ele trabalhou no projeto desde a pré-produção até a pós-produção.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: O Gian fez em uns três meses a trilha sonora, mesmo de longe, contribuiu com o curta. A continuísta, Heloisa Fahl olhando tudo, nos planos, detalhes. As assistentes de direção Vanessa Fujihira e a Daniella Orsi, viram o tempo de duração, se está atrasado ou não...Na verdade todos os papéis são importantes, mas aqui citamos só alguns....
Priscila Souza de Oliveira: O Vitor Negri, também ex-aluno, veio de São Paulo para nos ajudar com o áudio.
9.ComunicaSAE: Falem um pouco do elenco. Quem são os atores?
Priscila Souza de Oliveira: A atriz principal é a Estella Vilela, uma atriz de teatro, mora em Sousas, Campinas. Ela já fez outros curtas com alunos da Unicamp, como a “Última Rosa”, realizado em 2012, que também foi exibido em Cannes, em 2013.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: A Vanessa Petrongari e o Lucas Moreira são alunos da Artes Cênicas da Unicamp. Eles fazem os papéis de filho e de filha da costureira. A menina Sofia Cerbaro (que faz o papel de neta da costureira) na vida real, é filha de uma amiga da aluna-artista Priscila e mora em Americana. Sua mãe Bruna Cerbaro acompanhou a filha durante toda a gravação, e ela só entrou em cena nos dias em que não tinha aulas, isto é, nos finais de semana.
Priscila Souza de Oliveira: Os ensaios com a menina Sofia foram em Americana, nos dias em que não tinha aulas, sábado e domingo. O Luis Martinelli era monitor da criança e a mãe estava presente. Lá na casa, em Águas da Prata, tinha espaço para ela brincar e ela adorou uma praça que tinha perto.
10.ComunicaSAE: Qual a mensagem que fica para os alunos que querem trilhar esse caminho?
Priscila Souza de Oliveira: Perceber o quanto é importante manter uma boa equipe, ter uma relação de harmonia e cooperação, no sentido de manter a calma e ter um compromisso com o trabalho e respeitar o trabalho do outro. Todo mundo com vontade e comprometido. Por exemplo, quando chegamos a Águas da Prata, a casa já estava arrumada para a gravação, a Bianca e o Bráulio deixaram boa parte do set pronto. Isso facilitou o trabalho e otimizou o tempo.
11.ComunicaSAE: Como vocês avaliam a pós-produção?
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Depois de um longo trabalho, sentamos com a Gabriela Belderraim (editora) e seus dois assistentes. Umas oito pessoas participaram das avaliações. Teve 3 etapas: nNa 1ª etapa, vimos a trilha sonora, vimos o ritmo do filme, os instrumentos. Na 2ª etapa, vimos a correção de cores, um momento de padronização de cores nas cenas. Na 3ª etapa, regulamos o áudio com a mixagem de som e a elaboração da trilha. Foram oito meses do início ao fim.
Priscila Souza de Oliveira: Considere que nós, alunos, estamos envolvidos com outros projetos e estudos, provas e realizando o filme no tempo disponível.
12.ComunicaSAE: Quais são os sentimentos e os planos para Cannes E depois de lá?
Priscila Souza de Oliveira: Ansiedade! alegria! a expectativa é conseguir estar presente no Festival, essa oportunidade de estar em contato com produtores e reconhecimento. Já estamos com os passaportes prontos. Mas tenho a certeza de que quero continuar os estudos e atualmente pesquiso sobre a atuação de atores infantis.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Cannes foi o primeiro Festival que nos inscrevemos, no começo de 2015. Ele é destinado a produtores e diretores iniciantes, não vamos concorrer com nenhum outro, mas é um espaço alternativo internacional e de renome. Isso nos alegra, mesmo porque, este ano, é o único curta do IA que foi selecionado. Vamos fazer o possível para representar bem o Programa Aluno-Artista e o Curso de Midialogia do IA/Unicamp. Vamos inscrevê-lo em outros Festivais e Mostras.
13.ComunicaSAE: Qual a importância do Programa Aluno-Artista nesta conquista?
Priscila Souza de Oliveira: O SAE viabilizou o projeto da produção à pós-produção. Financeira e estrutural. Importante perceber que a Unicamp assumiu “queremos apoiar este tipo de arte”. Além de ser um projeto do Aluno-Artista, da 4ª Edição, ter participação na Edição Especial, foi ainda um projeto de final de Curso. É um trabalho importante para a vida inteira. Estou muito feliz! Agradeço a toda a equipe e os que colaboraram para a realização deste projeto.
Pedro de Araújo Nogueira Tinen: Eu também estou muito feliz!
Fotografia:Camila Santana